Arquivo do mês: março 2010

Mostra Eric Rohmer

 

  A caixa Cultural oferece mais uma mostra envolvendo o cinema francês e a Nouvelle Vague, dessa vez o cineasta é Eric Rohmer.  A mostra que se inicia terça, dia 30 de março,  22 longas do dirertor e 4 curtas.

Eric Rohmer que faleceu em janeiro deste ano, foi professor de letras e começou a escrever sobre cinema em veículos como Gazzete du Cinéma e posteriormente Cahiers du Cinéma, revista que será editor a partir de 1957.

Confesso que não vi nenhum dos filmes de Rohmer, não que não tenha tentado, mas o acesso a eles é bastante difícil ( e se vocês ainda não sabem, sou uma negação para tecnologia e não sei baixar filmes). Então, gostaria de pedir ajuda de vocês leitores: Digam-me ,qual filme da mostra eu não posso perder?

A programação segue abaixo:

CAIXA Cultural RJ – Cinemas 1 e 2

30/03 Terça
14h30 – O signo do leão (1959) (35mm) 102’.14 anos
16h30 – A Padeira do Bairro (1962) (35mm) 23’+ A Carreira de Suzanne(1963)(35mm) 54’. 16 anos.
18h30 – Eric Rohmer, Provas de Apoio Aos 120′. Doc. (Direção: André S. Labarthe, 1994) (DVD) 120’. 14 anos.

31/03 Quarta
14h30 – A Colecionadora (1967) (35mm) 89’. 14 anos.
16h30 – Minha Noite Com Ela (1969) (35mm) 85’. 16 anos.
18h30 – O joelho de Claire (1970) (35mm) 105’. 14 anos.

01/04 Quinta
14h30 – Amor à Tarde (1972) (35mm) 97’. 14 anos.
16h30 – A Marquesa d´O (1976)  (35mm) 100’. 14 anos.
18h30 – A mulher do Aviador (1980) (35mm) 106’. 14 anos.

02/04 Sexta
14h30 – Um Casamento Perfeito (1982) (35mm) 100’. 14 anos.
16h30 – Pauline na praia (1983) (35mm) 94’. 14 anos.
18h30 – Noites da Lua Cheia (1984) (35mm) 102’. 12 anos.

03/04 Sábado
14h30 – O Raio Verde (1986) (35mm) 98’. 12 anos.
16h30 – O Amigo da Minha Amiga (1987) (35mm) 103’. 12 anos.
18h30 – As 4 aventuras de Reinette e Mirabelle (1987) (35mm) 99’. 14 anos.

04/04 Domingo
14h30 – Conto da Primavera (1990) (35mm) 112’. 12 anos.
16h30 – Conto de inverno (1991) (35mm) 114’. 14 anos.

06/04 Terça
14h30 – A Fábrica do Conto de Verão. Doc. (Direção: Jean-André Fieschi, 2005) (DVD) 90’ + Charlotte e seu bife (1951) (DVD)12’ + Nadja em Paris (1964) (DVD) 13’. 14 anos.
16h30 – Conto de verão (1996) (35mm) 113’. 12 anos.
18h30 – Conto de Outono (1998) (35mm) 112’. 12 anos.

07/04 Quarta
14h30 – O joelho de Claire (1970) (35mm) 105’. 14 anos.
16h30 – A Árvore, o Prefeito e a Mediateca (1993) (35mm) 105’. 14 anos.
18h30 – A inglesa e o Duque (2001) (35mm) 125’. 14 anos.

08/04 Quinta
14h30 – Noites da Lua Cheia (1984) (35mm) 102’. 12 anos.
16h30 – O Raio Verde (1986) (35mm) 98’. 12 anos.
18h30 – Minha Noite Com Ela (1969) (35mm) 85’. 16 anos.

09/04 Sexta
14h30 – Eric Rohmer, Provas de Apoio Aos 120′. Doc. (Direção: André S. Labarthe, 1994) (DVD) 120’. 14 anos
16h30 – Agente Triplo (2004) (DVD) 104’. 16 anos.
18h30 – Os Amores de Astrée e de Céladon (2007) (DVD) 109’. 16 anos.

10/04 Sábado
14h30 – Pauline na praia (1983) (35mm) 94’. 14 anos.
16h30 – Amor à Tarde (1972) (35mm) 97’. 14 anos.
18h30 – Agente Triplo (2004) (DVD) 104’. 16 anos.

11/04 Domingo
14h30 – A Marquesa d´O (1976)  (35mm)

100’. 14 anos.

16h30 – A inglesa e o Duque (2001) (35mm) 125’. 14 anos.

  

CAIXA Cultural RJ – Cinemas 1 e 2

30/03 Terça
14h30 – O signo do leão (1959) (35mm) 102’.14 anos
16h30 – A Padeira do Bairro (1962) (35mm) 23’+ A Carreira de Suzanne(1963)(35mm) 54’. 16 anos.
18h30 – Eric Rohmer, Provas de Apoio Aos 120′. Doc. (Direção: André S. Labarthe, 1994) (DVD) 120’. 14 anos.

31/03 Quarta
14h30 – A Colecionadora (1967) (35mm) 89’. 14 anos.
16h30 – Minha Noite Com Ela (1969) (35mm) 85’. 16 anos.
18h30 – O joelho de Claire (1970) (35mm) 105’. 14 anos.

01/04 Quinta
14h30 – Amor à Tarde (1972) (35mm) 97’. 14 anos.
16h30 – A Marquesa d´O (1976)  (35mm) 100’. 14 anos.
18h30 – A mulher do Aviador (1980) (35mm) 106’. 14 anos.

02/04 Sexta
14h30 – Um Casamento Perfeito (1982) (35mm) 100’. 14 anos.
16h30 – Pauline na praia (1983) (35mm) 94’. 14 anos.
18h30 – Noites da Lua Cheia (1984) (35mm) 102’. 12 anos.

03/04 Sábado
14h30 – O Raio Verde (1986) (35mm) 98’. 12 anos.
16h30 – O Amigo da Minha Amiga (1987) (35mm) 103’. 12 anos.
18h30 – As 4 aventuras de Reinette e Mirabelle (1987) (35mm) 99’. 14 anos.

04/04 Domingo
14h30 – Conto da Primavera (1990) (35mm) 112’. 12 anos.
16h30 – Conto de inverno (1991) (35mm) 114’. 14 anos.

06/04 Terça
14h30 – A Fábrica do Conto de Verão. Doc. (Direção: Jean-André Fieschi, 2005) (DVD) 90’ + Charlotte e seu bife (1951) (DVD)12’ + Nadja em Paris (1964) (DVD) 13’. 14 anos.
16h30 – Conto de verão (1996) (35mm) 113’. 12 anos.
18h30 – Conto de Outono (1998) (35mm) 112’. 12 anos.

07/04 Quarta
14h30 – O joelho de Claire (1970) (35mm) 105’. 14 anos.
16h30 – A Árvore, o Prefeito e a Mediateca (1993) (35mm) 105’. 14 anos.
18h30 – A inglesa e o Duque (2001) (35mm) 125’. 14 anos.

08/04 Quinta
14h30 – Noites da Lua Cheia (1984) (35mm) 102’. 12 anos.
16h30 – O Raio Verde (1986) (35mm) 98’. 12 anos.
18h30 – Minha Noite Com Ela (1969) (35mm) 85’. 16 anos.

09/04 Sexta
14h30 – Eric Rohmer, Provas de Apoio Aos 120′. Doc. (Direção: André S. Labarthe, 1994) (DVD) 120’. 14 anos
16h30 – Agente Triplo (2004) (DVD) 104’. 16 anos.
18h30 – Os Amores de Astrée e de Céladon (2007) (DVD) 109’. 16 anos.

10/04 Sábado
14h30 – Pauline na praia (1983) (35mm) 94’. 14 anos.
16h30 – Amor à Tarde (1972) (35mm) 97’. 14 anos.
18h30 – Agente Triplo (2004) (DVD) 104’. 16 anos.

11/04 Domingo
14h30 – A Marquesa d´O (1976)  (35mm)

100’. 14 anos.

16h30 – A inglesa e o Duque (2001) (35mm) 125’. 14 anos.

1 comentário

Arquivado em Fikdik

Amélie Poulain e os motivos para se viver (sendo feliz)

 

(Há um motivo para eu estar escrevendo sobre esse filme. Ando, como sempre, tendo problemas para lidar com a rotina, os horários, a pressão do futuro, as pessoas que cultuam a universidade e a “sabedoria” erudita…Felizmente, estou me tornando sagaz o suficiente para me auto-recomendar filmes e em pleno niilismo miguxo, ressurgiu a luz e fui assitir Amélie, mais uma vez.)

 O fabuloso destino de Amélie Poulain é um filme sobre o prazer de se estar vivo, um prazer que é construído diariamente, vencendo o tédio, os dramas e a solidão. Solidão que é uma questão essencial para o filme, Amelie é uma solitária, seu menino, Nino, também e, se pensarmos bem, todos são, mas pouco são tão assumidamente quanto eles. E os solitários são os que melhor sabem sonhar.

E é o sonho que conduz toda a trama e conduz suas cores e sons.

Por que se viver quando se é extremamente solitário? Por que se viver quando se tem uma doença que te impede até de sair de casa? (porque Amélie também é também uma história sobre o porquê de persistir vivendo)

Pelo sonho.

O sonho é um ato de criação, é um ato artístico. É preciso sonhar para se manter vivo e para se criar vida. É na sua imaginação que Amélie se recolhe nos longos anos de infância solitária, solidão que se apresenta contínua, de forma que ela mantém uma criatividade e um olhar sobre a vida que podem ser considerados infantis. Mas infantil não é uma qualidade negativa, conservar um olhar de criança é manter a mente instigada, curiosa, não propensa ao óbvio.

No entanto, um mundo de sonhos fechado em sonhos, sem algum diálogo, é um mundo de mortos, de fantasmas (isso eu aprendi com Waking Life, recomendo). Os sonhos para se inflarem de ar e assim recriarem vida, precisam voltar-se ao outro, porque “é impossível ser feliz sozinho”, é clichê, contudo é recorrente. O sonho que nunca é exteriorizado ou compartilhado causa angústia, instiga o vazio.

Dessa forma, Amélie volta seu olhar fantástico ao outro, percebe o quão imenso é o mundo em suas diferenças individuais e seus destinos construídos por atos minúsculos e como solução para a angústia que maltratava seus sonhos, encontra um sentido: Transformar sua vida, interferindo na vida alheia para proporcionar emoção e felizes encontros. Assim, constrói-se como heroína, Amélie, uma verdadeira justiceira em defesa dos oprimidos e de seus pequenos prazeres.

 Mas mesmo contribuindo para a felicidade alheia, Amélie ainda é sozinha, ainda prefere resguardar sua própria vida em sonhos para ninguém ver. Um desses sonhos é Nino, o menino que sem saber exatamente porquê, Amelie sente como alguém parecido com ela. Amélie receia se aproximar de Nino – o medo faz parte do prazer que só quem já teve uma paixão platônica entende – medo de perder um ser todo inventado por você, ou seja, perfeito, que lhe cede horas e horas dos mais adoráveis sonhos. No entanto, Nino existe, mesmo que não tão perfeito, mas toda imperfeição pode ser recompensada pelo fato de se poder viver os sonhos. Particularmente, acho que a história de Nino e Amélie nem é o mais importante do filme, no entanto não deixo de achá-la linda e me encanto sempre que ouço o seguinte diálogo – que para mim é a melhor definição do que é amor a primeira vista (coisa que acredito apaixonadamente):

 

– Nem a conheço.

– Claro que conhece

– Desde quando?

– Desde sempre…Em seus sonhos.

Em sua trajetória, Amélie nos presenteia com cores, sonhos e a moral de uma vida recheada de aromas, encantos e supostas impossibilidades a um passo de serem revelados.

Taís Bravo

8 Comentários

Arquivado em Resenha

Histórias de Amor

É amanhã a estréia, gente!

Histórias de amor duram apenas 90 minutos. Dos muitos filmes bons que vi esse ano, acho que nenhum me atingiu com tamanha identificação quanto este. É difícil até começar a escrever sobre, porque é tanto que eu quero dizer – e isso sem cair em um tom muito pessoal desnecessário. Mas vamos lá, enfrentar esse desafio – abordado no filme – que é escrever.

 Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos trata de um dilema comum, desde que a adolescência se tornou naturalizada na sociedade ocidental, o dilema de torna-se adulto, assumir responsabilidades, fazer escolhas, exercer um ofício, criar-se como homem. Não se trata de um tema inovador, há alguns livros e filmes que falam exatamente sobre isto. O inovador é o cenário e a honestidade com que esse é retratado.

  Zeca, vivido por (suspiros) Caio Blat, é um carioca de trinta anos que tenta ser escritor, que é escritor, mas não consegue concluir seu romance – um escritor sem obra, uma piada bastante comum. A trama se inicia retratando sua agonia que a partir de seu bloqueio criativo, sofre com a pressão de seu pai e sua mulher para voltar a escrever (já que ele não faz nada, além disso, e passa seus dias ao léu). Ele, então, resignado de sua capacidade para ser um escritor, anda pelas ruas do Centro do Rio de Janeiro – nos dando belíssimas imagens – pois, como diz, adora caminhar por aí, sem direção. E é assim que Zeca segue sua própria vida, passeando, sem muito sentido, perdendo-se dentro de sua imaginação e da história que ele mesmo cria, narra e vivi.

  O diretor usa o cenário do Rio de Janeiro jovem-alternativo-onde-todo-mundo-samba-e-ama-baudelaire brilhantemente e, sem parecer forçado, expõe elementos que eu vejo a todo o momento. Eu poderia dizer que é um retrato de uma geração, mas não gosto desse tipo de definição, então, prefiro dizer que é uma interpretação honesta e criativa desses jovens – que como eu – amam arte, tem seus ideais, seus sonhos, mas talvez por uma falta de objetividade, perdem tudo pelos ares.

  Sem dúvida, “Histórias de Amor…”, é o filme que eu queria ver. O filme que eu vi em lugares que freqüento, em amigos, em conversas, nos meus pais, em mim mesma. Senti naquela tela meu próprio drama e saí eufórica com minha penosa dádiva, assim mesmo, nessa ambigüidade onde a verdade se resguarda.

   O drama de Zeca é que ele não encontra um sentido para sua vida, é escritor, mas não escreve, vive entediado, como diz,“minha vida é um saco não acontece nada”, então, com toda sua imaginação, recria tudo, confunde tudo, inventa tramas, mas é traído pela realidade, histórias de amor não duram mais que 90 minutos. Zeca é um menino mimado, criado em uma família de classe média alta, teve boa educação e foi iniciado a uma vida cultural, mas como filho único, sofrendo a pressão de ser alguém e sem saber muito bem agir sozinho, imobiliza-se com a impossibilidade de escolher, de ser responsável, e refugia-se em suas mulheres, em seus amores – seus escritores preferidos são suicidas, que se mataram por causa do amor – e assim, com todo charme cedido por Caio Blat, que é um tremendo anti-herói que às vezes cai no ridículo, desses tão presentes na vida. No meio de sua crise, Zeca pergunta “O que eu faço da minha vida, pai?”, e chora, e relembra sua infância, sua história, sem entender muito bem como havia chegado ali. Para mim, foi impossível não me identificar com Zeca e não ver aquela pergunta ao pai estampada na angústia de tantos amigos meus.

  Além disso, Histórias de Amor trata também da “Revolução sexual” deixando implícito um triângulo amoroso, um caso lésbico (nunca confirmado, que para mim existe muito mais na imaginação de Zeca do que na realidade), entre outras inovações já banalizadas em nossa geração.

  Um filme com uma história séria, cenas cômicas, leveza e profundidade, tudo de maneira honesta e despretensiosa. Sei lá mais o que falar…

  É um puta filme. Muito bom ver um filme nacional com essa maturidade, essa beleza e essa temática existencial (o diretor tem um pé grande na Nouvelle Vague – incluindo uma cena-homenagem a “Acossado” que eu amei – e trabalha com essa influência de maneira muito inteligente, sem perder a característica brasileira e carioca do filme, mas ainda assim o tornando universal, devido à trama.) Assistam, comentem, divulguem, vamos prestigiar o cinema nacional verdadeiramente bom (e deixar que os salafrários com patrocínios e falta de talento sejam esquecidos pelo tempo – e sim, isso é, de novo, uma alfinetada para “Apenas o Fim” =D).

Escrito por Taís Bravo

5 Comentários

Arquivado em Resenha

Histórias de amor duram apenas 90 minutos

(Sexta que vem estréia o esperado, Histórias de amor duram apenas 90 minutos, portanto, vamos repostar (?) nossas resenhas sobre o filme. Dia 12 todo mundo no cinema, hein!) 

 

Eu tenho uma mania: assim que acabo de ver um filme vou logo pesquisar sobre ele. Gosto disso porque é uma maneira de descobrir mil informações que passam batidas ao se assistir só uma vez uma produção. Filmes falam muito mais do que imaginamos. 

Com “Histórias de amor duram apenas 90 minutos” não foi assim. Não que eu não tenha ido pesquisar sobre ele (mania é mania), mas não senti tanta necessidade de fazer isso – ao sair da sala de cinema, senti ter compreendido quase tudo. 

Paulo Halm conseguiu realizar um filme sobre uma geração com uma clareza e precisão admiráveis. As locações, a fotografia, a câmera, os personagens, tudo se encaixa e provoca identificação no espectador. É difícil ser carioca e não reconhecer as ruas do Centro e a praia de Ipanema, mas mais difícil ainda é ser apresentado aos personagens e não sentir já tê-los conhecido.

Não sei quanto à maioria dos leitores do blog, mas eu conheço algumas Júlias – mulheres lindas, inteligentes, decididas e frias aos olhos de muitos, mas capazes de largar uma bolsa de estudos dos sonhos em Paris por amar um homem. Também já encontrei Caróis, espontâneas, divertidas, liberais e absolutamente inconseqüentes. Sem falar na galera “cool”, onde há espaço para sexo, drogas, rock’n’roll, samba e poesia. E o Zeca. Pois é. Ele não é o personagem principal desse filme por acaso – ele é a geração inteira que Paulo Halm deseja retratar.

Zeca tem 30 anos e vive como adolescente. Não tem emprego, perspectivas ou confiança no seu talento, passa os dias fumando, bebendo, lendo e fingindo escrever. Zeca é um escritor que não escreve, um projeto estagnado, uma farsa. E ele sabe disso, mas não sabe o que fazer para mudar sua vida. As coisas acontecem na sua frente e ele não consegue controlá-las. E isso o angustia.

Em uma entrevista, o diretor e roteirista de “Histórias…” disse: 

“O filme é sobre a geração que, apesar de ter talento, nunca decola. São escritores que escrevem e não publicam, cineastas que não filmam, compositores que não gravam…” 

É exatamente isso que vemos na tela. Através de conflitos internos, triângulos amorosos, crises existenciais, problemas familiares, paixões e outras pequenas trivialidades tão presentes e importantes em nossas vidas, Paulo Halm fez um ótimo filme, além de ser muito atual. Vejam, seja para se identificar ou só para conferir o funk do Baudelaire (g-e-n-i-a-l). 

Escrito por Natasha Ísis

11 Comentários

Arquivado em Resenha

As Virgens Suicidas

As Virgens Suicidas é o primeiro longa de Sofia Coppola e trata-se da adaptação de livro homônimo (que eu recomendo, é bem gostoso de ler). Contendo uma trama mórbida, o filme inova pelo seu tom feminino – marca da obra de Sofia – leve e despretensioso.

A história das cinco irmãs que se suicidas é contada sob a perspectiva de um grupo de meninos que nutriam uma paixão platônica por essas. Assim, o que é relevante para a obra de Sofia é expor a interpretação desses sobre essa particular história, e não revelar o que realmente motivou o suicídio das meninas (afinal, existem respostas absolutas para este tipo de acontecimento?). Dessa forma, uma áurea fantasiosa perpassa as imagens, acompanhando a mente sonhadora dos meninos.

 O filme carrega esta áurea fantasiosa, incrementada por uma nostalgia e um romantismo, através de seu cenário, sua iluminação (diversas imagens sob uma luz solar remetem a sensação de um verão abafado, agridoce) e trilha sonora – elementos que Sofia sabe compor som maestria.

O ambiente familiar das irmãs é totalmente construído para provocar a idéia de clausura e de fato, sentimos, não só na casa das Lisbon, como em todo o bairro, um ar abafado. Já nas imagens destinadas a imaginação dos garotos, vemos as garotas em campos abertos, dançando, livres. As irmãs Lisbon são heroínas para eles, eles as usam como alimento para suas fantasias, viajam com elas, matam seus tédios. Inclusive, Sofia as apresenta como heroínas, como nas imagens abaixo.

Ao partir da visão dos meninos, Sofia nos insere dentro do mundo de paixões adolescentes, dando leveza à difícil temática. Se, no entanto, esse ambiente adolescente é passível de situações ridículas, cafonas e exageradas, a inocência dos personagens nos faz reconhecer a seriedade por trás desses excessos. A adolescência é um período marcado por deturpações, tomamos o mundo com uma intensidade única, o que nos leva a uma condição muitas vezes constrangedora, contudo, absurdamente honesta e vívida.

No fim, é esta a grande pulsão por trás de As Virgens Suicidas, as meninas perdem suas vidas, mas seus admiradores, ao recriarem um universo a partir dos vestígios de suas existências, intensificação e valorizam as suas próprias.

“E assim aprendemos sobre suas vidas e colecionávamos lembranças de tempos que não vivemos. Sentimos a clausura de ser uma garota, como deixava sua mente ativa e sonhadora e como aprendia quais as cores que se combinam. Sabíamos que as meninas eram mulheres disfarçadas que entendiam o amor e até a morte e nosso papel era apenas criar o tumulto que as fascinava. Sabíamos que elas sabiam tudo sobre nós e que nunca desvendaríamos seu íntimo.”

Escrito por Taís Bravo

1 comentário

Arquivado em Uncategorized

Encontros e desencontros

Em Encontros e desencontros, Sofia Coppola filma o mundo como um local estranho, no qual a sensação de solidão e incompreensão é constante. Embora Sofia se utilize da cidade de Tóquio para construir uma história sobre o sentimento de não pertencimento, a angústia apática que afeta os personagens é muito mais filosófica do que geográfica/cultural. É possível ser um estrangeiro em terra natal. Charlotte e Bob, os dois personagens principais, sentem-se solitários, entediados, tristes em um local cheio de peculiaridades que mais os violentam do que entretêm, no entanto, tais sentimentos são mais reflexos de suas insatisfações pessoais do que da cidade em si.

Charlotte é uma jovem que após terminar seus estudos em Filosofia, não sabe exatamente o que fazer de sua vida, além disso, seu casamento de dois anos parece tomar rumos estranhos, ela se sente sozinha, a comunicação com o marido já é deficiente. Bob Harris é um homem de meia-idade, ator famoso em decadência, embora ganhe milhões para um simples trabalho de publicidade, não sente mais satisfação profissional, seu casamento é um desastre, também não é um bom pai.

Em Tóquio, os dois percorrem caminhos estranhos, hostis e, às vezes, tão absurdos que são ridículos, como a atriz Hollywoodiana patética e um programa de TV trash japonês (que poderia facilmente ser o da Luciana Gimenez). Sofia faz uso desse ridículo, com a ajuda da ótima atuação de Bill Muray, para dar humor ao filme, o que contribui para este não se tornar enfadonho e apático.

Sofia faz um trabalho impecável com as imagens desse filme, aliás, elas têm mais peso que os diálogos, há muito a se ler nas entrelinhas delas. Para mim, há três imagens do elevador merecem destaque, pois de certa forma, conduzem a história entre Bob e Charlotte. A primeira cena Bob aprece como o único “diferente” em meio (e Sofia faz questão de posicioná-lo justamente no meio) a uma maioria predominante, na segunda, Charlotte também está no elevador e sorri para Bob é o início do encontro e a terceira, estão só os dois, há uma tensão óbvia, na qual a despedida já se apresenta.

Ao se encontrarem, Charlotte e Bob estabelecem uma comunicação fluída, confortável. Esta sintonia ameniza a solidão, torna a vivência mais agradável, embora o mundo continue sem sentido. Através de seus estranhos passeios por Tóquio, desenvolve-se um relacionamento bizarro entre eles. A atração é óbvia, no entanto, em vez de um flerte barato e superficial, o que se constrói é um companheirismo baseado no carinho, na identificação. Dessa forma, cria-se uma tensão sexual nunca resolvida, talvez pela mágica do relacionamento se resguardar no desencontro em meio ao encontro, na impossibilidade, em seu ar platônico.

Uma cena definitiva para o filme é a da conversa no quarto de Bob, a partir dela, o drama dos personagens torna-se mais evidente e também se direciona o caminho que o relacionamento entre os dois irá seguir. (Parênteses para dizer que o amo essa cena absurdamente, já vi e revi umas trinta mil vezes e sempre acho que foi escrita pra mim, porque eu sou clichê. E se eu não escrevo mais sobre ela é porque penso que é uma cena que fala por si, não cabe explicações, só há uma maneira de entender aquilo, instintivamente, sentindo na pele.)

Encontros e desencontros é melancólico, pois mostra o quanto o mundo é solitário em sua falta de sentido. Além disso, pelo próprio relacionamento entre Bob e Charlotte, o filme expõe o quanto a vida é cheia de acontecimentos estranhos e imprevisibilidade, mas, talvez seja justamente por isso que insistamos tanto em vive – lá. Um encontro pode modificar tudo.

(PS: Sofia também merece o crédito de ter conseguido tirar de Scarlett Johansson uma atuação carismática – coisa rara, bem rara.)

Escrito por Taís Bravo

7 Comentários

Arquivado em Uncategorized