Curtindo a vida adoidado, além do bem e do mal
Se você é da década de 90, como eu, provavelmente já viu esse filme umas trinta mil vezes.
A trama para relembrar o inesquecível:
“Toda a história do filme passa-se em Chicago. Ferris Bueller é um jovem aluno do último ano do colegial e pretende faltar às aulas naquele dia de sol. Assim, finge estar doente, enganando os pais, mas não a irmã Jeanie (Jean/Shauna), que se revolta com o sucesso dos ardis do garoto.” (Fonte Wikipédia, né?)
A história de Feris Bueller nos apresenta uma filosofia de vida interessante, mas que contém algumas doses de American Way of Life – o que é, obviamente, problemático.
Vamos, primeiramente, nos focar no que é louvável em no estilo de vida do menino Bueller:
Feris Bueller questiona a moral. Enquanto os outros garotos vão à aula, ele se questiona, por que ir ao colégio em um belo dia de sol? Nietzsche ia curtir. Ao criar sua própria moral, ele valoriza o carpe diem, idéia de vivenciar a vida e não de esperar um momento propício a isso:
“”A vida passa muito rápido. E se você não parar de vez em quando para vivê-la, vai perceber que ela já passou”.”
Em um mundo onde só pensamos em nos formar, arranjar um emprego, casar, ter filhos e depois aproveitar a aposentadoria (ou simplesmente sobreviver enquanto pode), a concepção de que a vida é aqui e agora e só depende de nós torná-la interessante é mais do que válida.
Bueller é corajoso, obstinado e questionador, tudo isso contribui para que sua vida seja mais interessante, menos óbvia e de alguma forma, mais autoral.
No entanto…
Ferris é um grande egocêntrico. Tudo o que acontece em sua vida, gira em torno dele e, nesse momento, sua falta de moral contribui para um dark side of Bueller, onde conseguir o que quer torna-se mais importante que manter qualquer princípio. Por exemplo, o papo todo sobre tornar o amigo uma pessoa mais relaxada que saiba aproveitar a vida, Ferris acredita nisso. Contudo, quando está tentando convencê-lo a pegar emprestado o carro do pai, Ferris só pensa no quanto quer o carro e seu papo é apenas uma maneira de manipular a situação a seu favor (sei disso porque eu também sou egocêntrica, não que eu me vanglorize disso).
“As pessoas não deviam acreditar em “ismos”, mas em si mesmas.” (Uma frase que soa inocente, mas contém implicações ideológicas e, consequentemente políticas, muito fortes – 1986, estamos ainda na Guerra Fria, babes)
O problema de Ferris é que ele passa a impressão de que tudo é muito fácil, ele é o cara, sua vida é fodona e se você for malandro que nem ele a sua será assim também. Pena que a vida não é assim, nem nunca será – justamente por isso existe o cinema. Viva adoidado por um dia, mas cuidado, egocentrismo e esperteza em excesso geralmente só te torna um mané (o aviso que deveria vir após a exibição do filme na Sessão da Tarde).
Escrito por Taís Bravo que não estava inspirada e promete por posts melhores, ok?